domingo, 31 de outubro de 2010

domingo, 3 de outubro de 2010

12 anos de novo

hoje foi dia 3 de outubro, dia de eleição, de decidir quem governará nosso país nos próximos 4 anos. Para votar, tive que ir na minha antiga escola, aonde cursei o fundamental. Diferente das outras vezes, não havia fila na minha zona eleitoral, e em 1 minuto votei e sai. Aí tive que esperar meus pais. Eu andei pelo antigo prédio aonde passei oito anos da minha vida. No pátio me lembrei de quando fui com minha mãe, minha antiga professora da 1 série dando a noticia de que eu havia sido selhecionado para estudar ali, a alegria da minha mãe. Lembrei de cada canto aonde brinquei, das coisas que ali passei. Então fui no banheiro, no mesmo lugar que sempre usei, me virei, e de repente estava com meu uniforme do SESI, lavei a mão naquela pia alta, sai. Vi meus amigos correndo no pátio, cada um deles, alguns que nem lembrava mais. Fui para o refeitório pegar meu lanche, pão com manteiga, de novo! Todo dia é isso! Mas agradeci a mulher da merenda, que sempre sorri para mim. Me acheguei perto dos meus amigos comendo meu pão, conversamos ali por todo o intervalo. Aí desci as escadas, olhando para meu pequeno relógio do Power Rangers. Mais um pouco e o intervalo acabaria. Corri. Fui para o meu cantinho embaixo da escada da quadra. Ali podia ler em paz, ninguém me enchia o saco. Depois fui lavar minhas mãos naquela pia nojenta do pátio. Vi aqueles moleques idiotas que pegavam no meu pé. Já havia me esquecido deles. Sai de fininho. Alguém disse que meu cadarço estava desamarrado, mas eu nem liguei, ele sempre está assim. O diretor passou por mim também. Senti nervoso. Odeio esse cara! Mas tenho 12 anos, que posso fazer? Pensei na redação idiota que teria que fazer quando voltassepra aula. Já fui me adiantando como sempre, tinha 1 minuto para dar o sinal. Fui pra minha sala. Me sentei no meu antigo lugar, na minha carteirinha azul. A professora já estava na sala e sorriu ao me ver. Um sorriso que nunca tinha visto nela. EU sorri de volta. Então o sinal tocou. As paredes começaram a rodar em volta de mim, a professora, a sala de aula com tudo o que havia nela foram sumindo, e me vi de pé no banheiro de novo. Vestia minha roupa surrada que coloquei hoje de manhã. Sai, lavei as mãos na pia, que era meio baixa para mim. Sai do banheiro. só via pessoas correndo para lá e para cá, procurando suas zonas eleitorais. Fiscais explicando aonde estava cada coisa. Andei para o refeitório, a merendeira saia da cozinha. Está uns anos mais velha, mas disse “Oi Vera!” Ela olhou pra mim, sem sorrir, e perguntou quem eu era. Pensei em todos os pães com manteiga que ela já me dera. Agora nunca mais. Pensei nos meus amigos, que nunca mais vi. Perdi contato, ou nunca entram no msn. Desci as escadas, olhei para meu relógio da Orient. Ainda não me acostumei com relógios de ponteiros, mas uma hora consigo. Resolvi ir no meu cantinho. Parece que virou um depósito. Haviam várias sacolinhas de lixo ali, no lugar aonde li tantos livros. Fui para o pátio. A pia continua nojenta. É, algumas coisas nunca mudam… Não vi os meninos idiotas. Hoje eu daria um soco bem dado neles. Olhei meu cadarço, arrumado. Não aguentei, puxei um de um dos pés. O diretor passou por mim. Ainda não tenho coragem de dizer umas boas pra esse idiota. Antes era medo, hoje é bom senso. Então pensei nas provas que tenho. Na conta do apartamento. Nas listas pra resolver, no relatório pra terminar, na volta pra sampa amanhã, ter que acordar de madrugada. Carregar meu passe, comprar material pro laboratório… Enfim, era bom estar só com uma redação na cabeça. Fui ver minha antiga sala. Cheia de gente votando, mas lá estavam as carteirinhas azuis, amontoadas num canto da sala. E então vi ela! Minha carteira, com um “Pi” desenhado com branquinho na lateral. Não pude entrar para tocá-la, mas lá está ela. Bem longe da minha atual realidade. Um garoto de 19 anos, com a roupa de qualquer jeito, cabelo bagunçado, cansado de tanto estudar, mas realizando seus sonhos. É, acho que isso eu trouxe dos meus 12 anos. Sou feliz, e acredito nos meus sonhos. Nada que aconteça me tirará isso. Me chamem de infantil, digam que não cresci, que não levo nada a sério. Eu vou rir e nem vou me importar. É meu jeito de viver. Cumpro minhas responsabilidades, mas me divirto sendo como quando tinha 12 anos. Não sou infantil, eu cresci e sei disso. Mas minha alegria ainda tem 12 anos. =D